O NEGÓCIO DO FUTEBOL

O Futebol é muito mais do que 22 homens atrás de uma bola

O futebol já não é o mesmo de Cruyff, Pelé e Maradona. O desporto rei cresceu e tornou-se uma indústria de milhões, os salários e transferências de jogadores envolvem valores nunca antes praticados, as instalações e a tecnologia no futebol são muito desenvolvidas, as transmissões dos melhores campeonatos valem mais que petróleo para as grandes cadeias televisivas e o amor de um jogador pela equipa formadora é facilmente substituído por 2 milhões líquidos ao ano.

           Como amante da modalidade custa-me ouvir a clássica narrativa de que “é um “crime” um homem que dá toques na bola ganhar mais do que um que salva-vidas”. A realidade é que ganha mais, quem gera mais dinheiro. O nosso Cristiano custou 15 milhões mais variáveis ao Manchester United, em apenas 72 horas depois do anúncio oficial da sua contratação, o clube fez 7,92 Milhões em camisolas vendidas com o dorsal 7, o que faz com que, o mediatismo do craque português pague o valor da sua transferência mesmo antes de tocar na bola.

             Outro ponto que prova o quanto o futebol é um dos maiores negócios a nível mundial é o dinheiro investido em infraestruturas e tecnologia. O novo Santiago Bernabéu custou a bagatela de 812 milhões de euros, financiado por 2 grandes bancos americanos, será muito mais do que um simples estádio de futebol.

Para além da tecnologia utilizada na construção dos recintos, os grandes clubes a nível mundial gastam milhões de euros em tecnologia que permita monitorar e potencializar as características dos jogadores dentro de campo.

            Grandes equipas, grandes dívidas. A soma do passivo dos “três grandes” do futebol português ascende a 1,2 mil milhões de euros e isto deve-se à premissa de que o sucesso desportivo depende do dinheiro investido nos melhores jogadores, nas melhores infraestruturas, na melhor tecnologia, fazendo com que os clubes para atingirem os seus objetivos acabem por ter que se endividar, caso contrário são ultrapassados pelos seus rivais.

            As dívidas do futebol são contornadas pelos perdões de divida por parte dos bancos, venda de grandes ativos, recurso a investidores e patrocinadores, como é o caso das cadeias televisivas. Em especial neste último caso, os direitos televisivos representam uma grande fonte de receita para os clubes, a procura das grandes cadeias televisivas para garantir a parceria com estas equipas, faz com que se estabeleçam acordos milionários. Em 2015/2016, os três grandes estabeleceram contratos de 10 épocas na ordem dos 500 milhões cada um, com a NOS e com a MEO, são valores que têm um grande impacto na estrutura financeira dos clubes portugueses.

Apesar de serem valores astronómicos parecem insignificantes face à maior liga do mundo.

A Premier League vendeu os seus direitos televisivos para o período de 2022 a 2025 por 11.600 Milhões de euros, a serem divididos pelas 20 equipas, ficando as melhores equipas com uma percentagem maior do bolo.

            O futebol é um dos maiores negócios do mundo, é um negócio de dividas e em que o dinheiro investido dita o sucesso desportivo. Na minha opinião, os clubes são empresas, a grande diferença em relação a outros negócios é que um resultado contabilístico negativo não importa desde que seja acompanhado por resultados desportivos que satisfaçam a massa associativa. Um mau gestor pode ser um bom gestor desportivo. É um negócio que não importa quanto gastas e quanto deves desde que, consigas os teus objetivos e honres os teus patrocinadores. No futebol, ser caro ou barato é relativo dependendo do que contribuis para o sucesso da tua equipa.

João Coelho, colaborador do Departamento Financeiro

 

João Coelho

 
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